quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

TEOREMAS DE FILOSOFIA

Com votos de um Feliz Ano de 2008
apresento um depoimento de Joaquim Domingues sobre a revista de que é Editor e Proprietário


Capa do Número 7 da Revista

Administração: Rua do Areal de Cima, 91 4710-346 Braga

Depoimento

Joaquim Domingues

O aparecimento da revista Teoremas de Filosofia resultou de algumas conversas entre amigos, que entendiam ser necessário encontrar forma de dar livre expressão pública ao pen­samento que os unia. Ora, se não faltam aí revistas de filosofia, o certo é estarem de qualquer modo ligadas a instituições que, com assegurar-lhes a regularidade, condicionam, ainda que indirectamente, a sua orientação. Como é sabido, as regras mais decisivas não chegam a ser enunciadas, pois vigoram por mútuo consenso, mormente em meios fortemente hierarqui­zados, como são por exemplo os académicos.
Esses amigos – que como tais se reconhecem pelo comum amor da verdade, segundo a ética aristotélica e não por mera cordialidade – é que viabilizaram a iniciativa de quem resolveu assumir os encargos administrativos, digamos assim. Como seria de esperar, a revista não obteve qualquer apoio oficial, antes teve de enfrentar as crescentes limitações legais à livre actividade editorial. Ainda assim, manteve publicação regular ao longo de seis anos e doze números, reunindo a ampla e diversificada colaboração que ficou registada no índice geral do derradeiro fascículo.
Uma das intenções prioritárias, expressa logo no primeiro número, foi a de estabelecer a transição entre gerações, designadamente a dos discípulos directos de Álvaro Ribeiro e José Marinho e as que entretanto se têm revelado. Outra foi a de favorecer a ligação entre pessoas que, porventura animadas por um mesmo espírito, se mantinham distantes ou nem sequer se conheciam. A lista dos colaboradores é elucidativa quanto ao primeiro aspecto, sendo certo que nas páginas dos Teoremas de Filosofia se revelaram ou pelo menos se afirmaram alguns nomes de que muito há a esperar; quanto ao segundo, foi talvez um dos que melhor compensou o esforço dispendido.
Encarada como mais um elo apenas na cadeia de publicações periódicas cuja referência
primeira continua a ser A Águia e onde se destacam títulos como os do jornal 57 e da revista
Espiral, a suspensão dos Teoremas de Filosofia nada teve de dramático. Bem pelo contrário, pois não só importa adaptar as publicações às novas circunstâncias, em constante mudança, como em especial ao perfil dos novos protagonistas que assomam no âmbito, cada vez mais alargado, da filosofia portuguesa. Tão certo estou de que não faltarão atrevimentos análogos e de maior fôlego até para dar expressão actual, livre e criadora à tradição que recebemos com a língua em que pensamos e nos entendemos.
É certo que sem regras, normas ou leis não há verdadeira liberdade, pois até quem contra elas se rebela o faz em nome de outras melhores, mais justas ou superiores. Por isso, o facto de a revista ter vivido à margem das instituições oficiais o entendo como um
acidente resultante da dificuldade experimentada por muitos portugueses de se reconhecerem nelas e de serem por elas reconhecidos. Tempo virá em que esse divórcio será ultrapassado e creio mesmo haver sinais de caminharmos para o fim do ciclo em que estes «cadernos de filosofia portuguesa» surgiram como afirmação marginal de quem acredita na realidade espiritual da Pátria.--------------------------------